Quimera

março 30, 2010 at 5:27 pm (Uncategorized)

Você sempre quis ser medico? Modelo? Ou quem sabe astronauta?

Eu sempre quis amar.

Ponto.

Eu cresci assistindo à pessoas vivendo amores vãos e concentrando-me em toda a intensidade que eu sonhava para a minha vida. Guardei o meu melhor trancafiado em algum lugar no meu peito. Tão bem guardado que cheguei a pensar que o tivesse perdido, extraviado-o em algum cais. Existiram sim – algumas – pessoas que provocaram e que mereceram conhecer o que havia de tão conservado, mas, não sei porque, não as dei tempo para isso.

Não costumava procurar, apenas me deixava ser encontrada. Salvo durante experiências falhas, era eu me encantar para estar aberta à uma nova tentativa. Tá que me encantar não é lá muito fácil né, eu sei…

Eu queria um amor que me tomasse o ar num só golpe, que me fizesse enrubescer pelo simples ato de fitá-lo, eu queria um amor que me aquecesse o coração, que provocasse uma imensa vontade de gritar para que o resto do mundo me chamasse de louca. Pouco importava. Que bagunçasse minha casa, minha vida, meus cabelos. Alguém que me fizesse mudar o rumo, ou simplesmente perdê-lo. E, no fim do dia, queria um abraço que fosse capaz de acalmar toda essa insanidade que corria pelas minhas veias. Eu só queria amar.

Precisava de alguém que tomasse conta de mim e dos mais puros sentimentos que eu já tivera.

Queria um amor desesperadamente estável.

E eu sempre soube que conseguiria.

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A pequena morte

março 29, 2010 at 4:48 pm (Uncategorized)

“Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na França, a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce.”

O Livro dos Abraços, de Eduardo Galeano.

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Sangue Azul

março 19, 2010 at 2:32 pm (Uncategorized)

Solidão. Sempre havia pessoas à minha volta, mas eu estava sozinha. Não tinha ninguém com quem pudesse dividir meu sofrimento. Ninguém com que conversar. Família, amigos, todos queriam que o conto de fadas desse certo, não queriam ouvir que era um pesadelo para mim, então eu não quis afligi-los. Quando tentava insinuar alguma coisa, tentando abrir uma brecha para contar como eu era terrivelmente solitária, eles se esquivavam e repetiam como devia ser maravilhoso ser a princesa de Gales e ter o mundo aos meus pés.

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Palpitar

março 11, 2010 at 8:04 pm (Uncategorized)

Ele diz que até dormir se tornou uma tarefa difícil, que não consegue parar de pensar. Faz-se presente através de toda e qualquer rede social a qual você possa pertencer, pra dizer amenidades como quando lembrou de você ao escutar aquela música ou para lembrá-la de como seus olhos ficam pequenos enquanto você sorri. Ressurge com delicadas recordações de momentos nos quais você ainda nem desconfiava que ele só tinha olhos pra você. Entre pequenas brechas, o desgaste entre as soldas da armadura a torna cada vez mais penetrável. Existem inúmeras teorias sobre qual foi realmente a primeira vez em que seus caminhos se cruzaram e sobre como tudo seria mais fácil se…

Ele a observa de uma forma incrivelmente arrebatadora, não deixando que lhe sobre espaço pra nenhum tipo de raciocínio lógico. Não faz sentido e talvez esse seja o sentido afinal. Não existem alternativas além da violenta vontade de mergulhar tão fundo quanto seu tímpano possa permitir, até que seus pulmões esvaziem-se por completo reivindicando por uma dose de ar puro novamente.

Carinhosamente entrelaça a mão na sua enquanto o polegar dele parece fazer suaves desenhos ao redor da sua pele. Esboça um sorriso lateralizado, que confessa uma covinha tímida, enquanto tem dificuldade de manter os olhos fixos em você. Você terá um enfarto agudo do miocárdio muito em breve , tenha sempre à mão uma aspirina, se não começar a inspirar profunda e lentamente. Você sente corar-lhe a face e seu corpo passa a eliminar grandes quantidades de calor, a mão treme descontroladamente ao som da batida ansiosa dos seus pés no chão.

Você o escuta balbuciando algo ininteligível.

Disfarça.

O momento se tornará perfeito se não pronunciarmos uma só palavra sequer.

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Um pequeno trecho de uma grande história

março 10, 2010 at 7:05 pm (Uncategorized)

(…)

Encontrei-me. Deparei-me novamente comigo mesma, aquela com a gargalhada solta, com a personalidade impetuosa, do brilho refletindo-se no olhar, do desejo de ser livre. Apaixonei-me por mim novamente, pelo eu calado que não se manifestava mais. pelo mesmo eu que solicitava a minha atenção, que pedia baixinho quase como quem sussurra um pedido ao vento. O eu cansado de não ser ouvido, exausto por tantos murmúrios. Mesmo que o tentassem manter recluso por vontade, obrigação, culpa ou medo… Ele agora esmurrava paredes.

Isso é de meados de 2007. Ainda lembro do que sentia no dia em que escrevi.

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Inanição

março 9, 2010 at 6:17 pm (Uncategorized)

A gente deixa de fazer, de sentir, de ser. Seja por altruismo, receio ou até mesmo por vaidade. Traçar limites dentro de relações é um comportamento quase que instintivo, não queremos nos machucar assim como não querermos ser a causa da ferida aberta no peito de quem se ama. Não de propósito.

Não mais tocar no assunto – foi o conteúdo da promessa feita à mim mesma.

Os olhos tentam ocultar qualquer sinal de insatisfação, mas nos traem enquanto fitam o chão de maneira obsessiva. Pecamos com o silêncio contido em uma expressão triste. Pesada. A nossa mente revela ter um poder masoquista inigualável e se diverte com a memória de toda e qualquer palavra já proferida.

Prometi. Pra não doer em mim, pra não te fazer repetir.

Continuo não entendendo.

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